sexta-feira, 10 de junho de 2011

PESSOAS

Ao sair da minha casa, deparo-me freqüentemente com Pessoas varrendo as calçadas, Pessoas comprando pão, Pessoas caminhando, Pessoas catando lixo, Pessoas estudantes, Pessoas passeando com animais de estimação, Pessoas policiais, Pessoas infringindo as leis de trânsitos, Pessoas brigando com as anteriores, Pessoas dirigindo coletivos, Pessoas aguardando, entrando e saindo desses veículos, Pessoas vendendo e comprando nas ruas, Pessoas urinando nos postes e paredes, Pessoas entregando correspondências e encomendas, Pessoas esperando, Pessoas nascendo, Pessoas adoecendo, Pessoas morrendo, Pessoas, Pessoas e mais Pessoas.
Exceto talvez por alguém que resida e passe todo tempo em alguma das nossas poucas selvas existentes no mundo, acredita-se que todos os seres humanos (sobre)vivam de alguma forma na presença e convivência com outros da mesma espécie.
Agora, classificando parte das Pessoas citadas acima por ordens de raça, gênero, classe social, sejam quais forem os diversos rótulos que a sociedade cria, posso facilmente imaginar que dentre Elas estão: pobres e ricos; brancos, índios, mestiços e afros descendentes, homens e mulheres; crianças e adultos; jovens e idosos; heterossexuais, transexuais, gays, lésbicas, bissexuais e simpatizantes; religiosos e ateus; criminosos e seguidores das leis humanas; tatuados; roqueiros; skatistas; artistas; especiais; deficientes físicos e visuais; patricinhas, mauricinhos, casuais e alternativos; virgens; desabrigados; ripies; ciganos; nômades; ambientalistas; tradicionais e modernos, naturalistas; empresários; revolucionários; prostituidos; viciados; agricultores e trabalhadores rurais; psico e sociopatas; profissionais liberais; políticos; funcionários públicos; esses; aqueles e tantos mais.
A lista de possibilidades é imensa. Mas a pergunta em mim que anseia por resposta é: O que importa? Fico triste ou chateada quando alguém é grosseiro(a) comigo, mas na testa dessa Pessoa nunca vi escrito o que ela é ou deixa de ser. Alguém já viu? Nunca me perguntei nesses momentos se a ausência de gentileza é devido à classe social, raça, sexo ou idade... Ao contrário, acredito que ser gentil e agir com bom senso são características de quem busca e tal desejo, se não me engano, talvez seja impossível apenas às Pessoas com cérebros diferentes. Como a Ciência ainda não decifrou o nosso cérebro, fico até sem saber como definir isso, mas para que mais um rótulo?
Então, eis o que me fez escrever esse texto. Hoje eu me perguntei: “Será que se eu soubesse a origem e história de cada pessoa que cruzo, convivo, dou bom dia, sorrio, dou ou peço alguma informação durante todos os dias da minha preciosa vida, meu comportamento se alteraria?” Pensando nisso eu conclui que sim, penso que temeria falar ou sentar-me ao lado de um sociopata, por exemplo. Mas, por não sabê-lo assim... Oi, bom dia, o senhor tem horas? Nossa, mas que calor está fazendo hoje, a senhora não acha? Bom dia vizinha! E aí vizinho, viu seu timão ontem? Ei, mas que filhos lindos vocês tem! Bom dia sabe me dizer se o médico já chegou? Oi, este lugar está desocupado? Olá, a que horas passa o próximo coletivo? Senhor, quanto custa a corrida até o centro? Olá, quanto custa o quilo da Picanha? Oi, minha encomenda chegou? O senhor pode colocar o botijão ali ao lado do fogão, por favor? Vocês atendem em domicílio?...? ...? …?
Então, chego a mais uma conclusão: viver sem rótulo evita muitas complicações e constrangimentos. Para alguns talvez fosse importante saber quem é ou não confiável, mas fato é que ninguém nasce com manual ou bula, nossa, seria um entediante. No entanto, pensamos naquelas personalidades tidas como perigosas que podem nos fazer algum mal, mas e aquelas Pessoas outras com suas diferenças múltiplas em que podem nos atingir? Que mal pode me fazer um vizinho que estuda, trabalha, não ouve música após as 22h, não estaciona o carro na minha garagem, não causa infiltração na minha casa, nem me perturba pedindo uma xícara de açúcar ou dando em cima da minha mulher? Mas se ele for um afrodescendente? Ou um transexual? Ou um punk extremista coberto de tatoos? Ou um servente de pedreiro? Ou um fanático religioso??? E daí, isso muda o que mesmo, alguém pode me explicar? Porque francamente, sou incapaz de compreender porque as pessoas se importam tanto com a vida alheia...
Saudações companheiros e companheiras,
Carina Gonçalves.

PS.: Se alguns de vocês se encaixam nos “rótulos” acima, fiquem tranqüilos, aqui no Pescador não classificamos as Pessoas. Abraço carinhoso a todos.

4 comentários:

  1. SEM QUERER ROTULAR... ESSE POST SÓ ME FEZ LEMBRAR AS TRÊS CATEGORIAS AS QUAIS PERTENÇO... RISOS (E ODEIO!!!! HAHAHAHA)

    ResponderExcluir
  2. Rótulos, embalagens... São tantos produtos, tantas lamentações... Agora, aturar grosseria alheia está por fora, viu? Cada um no seu quadrado. Se a história de vida é um thriller, grita corta! e reescreve o roteiro, uai! Agora ficar arrotando azedumes nos outros é que não, né? Ponto.

    ResponderExcluir
  3. Gente, se revelou ou se rebelou?? rs Gostei!
    Ah, tô esperando até hj o post para os homenageados do mês de Junho, tá????

    ResponderExcluir
  4. PrIMEIRo: Rótulos são muito, extremamente difíceis de entender ou explicar... Às vezes, mesmos sem querer somo rotulados a todo instante, em qualquer circunstância. Mas,que jeito?! rs Há duas escolhas: Ser feliz, OU viver 'mu morado" srsrs... Eu escolho todos os dias SER FELIZ! (mesmo que não tenha êxito, SEMPRE tento!)
    SeguNDO: Jeanne, reforço sua reinvidicação: Post para os homenageados do mês de JUNHOoOoO! hehehe...

    ResponderExcluir

Deixe a sua isca!